segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Sol, ventos e agito atraem visitantes do mundo todo a Jericoacoara (CE) (Postado por Lucas Pinheiro)


Ventos fortes e águas mornas em um dos lugares mais encantadores do mundo. Assim velejadores que já descobriram Jericoacoara descrevem a praia, na cidade de Jijoca, a 284 quilômetros de Fortaleza. A antiga vila de pescadores é um dos principais destinos de praticantes de windsurfe e kitesurfe, mas em meio a sotaques de toda parte, esportista ou não, o visitante pode relaxar em paisagens paradisíacas ou cair no agito noturno da praia.

Entre julho e janeiro, época dos ventos mais fortes no Ceará, o mar de Jericoacoara fica tomado por velas, pipas e pranchas. É só passear pela praia para encontrar grandes velejadores do mundo. Depois do Circuito Mundial de Windsurfe, em outubro, a maioria dos atletas da disputa passam uma temporada obrigatória em Jeri, seja para rever a família e amigos, renovar as energias ou treinar.

“Além das condições para a prática do esporte, Jericoacoara tem um charme especial”, diz o velejador cearense Teka Lenz, um dos primeiros a descobrir esse verdadeiro “paraíso dos ventos”.

Quem conhece o mar de Jeri conta que é quase impossível ficar um dia sem conseguir velejar no local. “Os ventos são muitos estáveis durante todo o ano. Os picos de vento ficam entre 20 e 30 nós e, no segundo semestre do ano, podem chegar a 40 nós. Poucos lugares no mundo são assim”, explica Lenz, presidente da Associação Brasileira de Windsurfe.

Na alta temporada, um dos clubes de esportes aquáticos da praia, o Club Ventos, chega a receber 200 velejadores, de acordo com o gerente de marketing Nuno Martins. O local funciona há 25 anos oferecendo aulas e alugando equipamentos para a prática de windsurfe, kitesurfe, surfe e stand-up paddle (esporte praticado em uma espécie de prancha de surfe em que a pessoa rema em pé).

“A única preocupação em Jeri é não esquecer de sair da água pelo menos duas vezes durante o dia para passar protetor solar e se hidratar. Os ventos são tão bons que quem veleja fica o dia todo no mar”, conta Levi Lenz, que é cearense e começou a velejar aos seis anos de idade com o pai Teka Lenz.

Hoje, aos 24 anos, o jovem está entre os 20 melhores do mundo na categoria freestyle de windsurfe e revela sua preferência por Jericoacoara para treinar e se divertir. “Vou umas 15 vezes por ano. O legal de Jericoacoara é que você acaba reencontrando amigos do mundo todo, além de conhecer novas pessoas. Em outros lugares também bons para velejar, as pessoas geralmente ficam isoladas nas casas e não se encontram no fim do dia”, afirma.

Amor à primeira velejada
A fama de Jeri corre o mundo. O italiano Maurizio Gusella soube no Havaí, dos bons ventos e da tranquilidade da praia. Em 2000, ele chegou ao local para uma temporada de velejo decidiu voltar para ficar em 2002. “Jericoacoara é o segundo melhor lugar do mundo para velejar, atrás somente do Havaí. Em estilo de vida, é o melhor”, diz o italiano.

Gusella resolveu ensinar o esporte aos meninos nativos, casou com uma brasileira e é proprietário da pousada onde ficou hospedado na primeira vez que foi a Jeri. A cerca de 100 metros da praia, a Pousada do Maurício é uma das principais opções de hospedagem dos velejadores e um dos ''points'' depois que eles saem do mar. O “happy hour” na pousada mostra que Jeri não ferve somente durante o dia. A vila tem encantos e atrações para todos os gostos e todas as horas.

Ex-aluno de Gusella, Edvan Souza, 24 anos, não esquece do mar e do vento de onde nasceu e que fizeram dele um dos destaques internacionais do esportes. “Não falo só em termos de velejar, mas Jericoacoara é um local especial. Você aproveita todas as coisas da cidade durante o dia e a noite. É um lugar completo”, diz Edvan que aprendeu o esporte ainda menino.

Depois de uma caminhada de 30 minutos, o visitante chega à Pedra Furada, portal formado na rocha pelos ventos e pelo mar.

Pôr do sol
Para quem não quer velejar ou fazer programas de aventuras, Jeri oferece muitos encantos. Além das belezas naturais, há uma programação diversa. Por isso, o indicado é ficar, no mínimo, quatro dias. A caminhada pela vila pode ser a pé, com chinelo de dedo, e outros passeios podem ser feitos a cavalo ou de bugues para paisagens mais distantes.

Todos os dias, por volta das 5h30, faz parte da rotina de quem está em Jericoacoara admirar o pôr do sol da duna mais conhecida, a oeste da vila. Depois de descer da Duna do Pôr do Sol, ainda dá para tomar um banho no mar e acompanhar as rodas de capoeira que se formam na praia.

Para ir até a Pedra Furada, pode se fazer uma caminhada de 30 minutos quando a maré está baixa. A formação rochosa tem um imenso portal feito pela erosão do mar e do vento. Outra opção para chegar até a Pedra Furada é ir de charrete ou a cavalo, o aluguel custa R$ 20. Em maré alta ou mesmo na volta, um caminho alternativo é pelo Serrote com uma vista superior da pedra e da praia. Como a caminhada pode durar mais de uma hora, ida e volta, o indicado é levar água e proteção para o sol.

De bugue pelas dunas e lagoas
Todos os dias, cerca de 200 bugueiros credenciados realizam passeios para lagoas e dunas ao redor do Parque Nacional de Jericoacoara. A maioria se concentra na Rua Principal e busca cliente na pousada ou hotel. Quem tiver sorte, ainda pode conhecer esses lugares com a única bugueira mulher de Jericoacoara, a maranhense Simone Silva Sousa. Ela mora em Jeri desde 1997. “Amo dirigir e conheço todas as dunas e lagoas da região ”, garante.
Simone conta que o passeio de bugue mais procurado é o de Tatajuba e custa R$ 180 (dividido entre quatro pessoas). Saindo às 9h da manhã, o passeio dura em média seis horas. O roteiro segue a vontade dos visitantes, mas geralmente começa no Rio Camboa e pode passar por uma região de mangues preservados.

Depois de uma travessia de balsa, do Mangue Seco para o Guriú, se chega na Velha Tatajuba, vilarejo soterrado pela areia. Dona Delmira, umas das moradoras e testemunhas do fenômeno, recebe os visitantes, contando histórias e mistérios do local. De lá, o destino são as dunas do Coqueiro Solitário e do Funil, onde muitos esquiam em uma pequena prancha de madeira, e, por fim, a Lagoa Torta. Os custos com as travessias de balsa (R$ 10) não estão inclusos no valor do passeio de bugue.

Quem prefere relaxar pode aproveitar a sensação deliciosa de ficar deitado em uma rede dentro da água morna da Lagoa do Paraíso, localizada em Jijoca de Jericoacoara. Essa atração faz parte do roteiro que ainda inclui a Lagoa Azul e a Lagoa do Coração. O passeio custa R$ 150 e também pode ser dividido entre quatro pessoas.

Sabores de todo mundo
Na vila, são encontradas dezenas de restaurantes. Tem do prato feito, com opções de peixe frito e de moqueca de arraia por R$ 6, até cardápio internacional em restaurantes mais refinados. Quem vai ao local não pode deixar de provar o tempero caseiro do Restaurante Dona Amélia, na Rua do Forró. Os pratos custam cerca de R$ 50 para duas pessoas.

Outra boa opção são os crepes e o açaí do Naturalmente, servidos em um ambiente agradável, de frente para praia. A proprietária Carla Arruda mora há 15 anos na vila se dividindo entre pranchas e fogões e resolveu ficar depois de passar um réveillon no local.
A torta de banana da Dona Rosa é um dos sabores irresistíveis de Jericoacoara, além de guardar uma boa história. Há 30 anos, a mulher circula de domingo a domingo pelas ruas vendendo pedaços da torta por R$ 3 cada. Com a produção desses doces, Rosa ajudou a sustentar os quatro filhos e até montou uma pousada. “Fico triste no dia em que eu não saio para vender minha torta de banana”, conta.
A receita leva ovos, açúcar, margarina, farinha de trigo, banana, canela e mel. “O segredo está na mão e na prática de 30 anos”, revela. Rosa oferece os doces em restaurantes e nas ruas das 15h às 18h.
Noite
Apesar de ter energia elétrica, a vila continua sem iluminação pública. A noite tem um céu estrelado e a lua que ilumina as ruas com ajuda das velas e luzes dos restaurantes, hotéis e casas. Se engana quem pensa que o movimento na praia se diminui com o cair do sol. Diversos locais e ritmos animam a madrugada de Jericoacora.

Na Rua Principal, banquinhas vendem bebidas e coquetéis para quem quer circular, conversar e paquerar. O Sky e o Planeta Jeri são os points mais próximos da praia. Mais para dentro da vila, na Rua da Duna, o visitante pode se divertir com reggae no Mamma África. Na Rua do Forró, a pedida é curtir o ritmo tipicamente cearense no antigo forró do Seu Raimundo, hoje batizado de Recanto do Momento.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Aposentado com deficiência física constrói o próprio carro, em Fortaleza (Postado por Lucas Pinheiro)

O aposentado Vilton Fernandes, portador de uma doença crônica que fez com que amputasse duas pernas e parte do braço, cansou de depender dos outros para se transportar e decidiu construir um carro por conta própria. O homem de 48 anos teve essa ideia em 2008, quando encontrou a carcaça de um veículo no lixão do Bairro Bom Jardim, em Fortaleza. “Sempre fui inquieto e tive a necessidade de algo para me locomover, além da cadeira de rodas”, afirma Fernandes.

O carro de Fernandes demorou um ano para ficar pronto. A estrutura foi montada com a colaboração de mecânicos e pelas mãos dele e da mulher. “Eu mesmo cortei os ferros e fiz o teto com zincos e canos junto com a minha mulher”, explica. O motor é de motocicleta, a direção veio de um Fiat e o para-brisa, da traseira de um fusca. E tudo foi adaptado às necessidades especiais do motorista.

“Consegui muitas doações. Ganhei os bancos do dono de uma loja de estofados”, afirma. Os detalhes incluem um copo fixado em um freio de mão improvisado. Fernandes também preocupou-se com a segurança e providenciou cintos nas cadeiras do condutor e do passageiro, mas o invento não tem marcha a ré. A esposa ou o carona dão um “empurãozinho” para movimentar o carro para trás

“Esse carro são as minhas pernas. Tudo nele foi feito por mim ou a partir da minha orientação”, afirma Fernandes, que mora com as três filhas e a mulher. Diariamente, o pai leva as filhas, de nove, 11 e 13 anos de idade à escola. Ele abastece mensalmente o motor com 40 litros de gasolina doados pelo dono de um posto de combustíveis.

Sonho
Três anos após ter criado o carro, Fernandes já pensa em construir um novo para transportar toda a família. “Quando terminei de construir era meu carro preferido. Agora, já quero fazer uma reforma para passear com minha família e dar mais conforto à minha mulher, que fica com as pernas dormentes depois que anda nele”, conta.

Doença está controlada, diz médica
A primeira amputação do corpo de Fernandes ocorreu quando ele tinha 22 anos. “Da primeira vez, tiraram o dedão do pé esquerdo”, conta o aposentado. A médica Vânia Rebouças, responsável pelo tratamento de Fernandes, explica que ele é portador da Tromboangeite Obliterante, doença de origem desconhecida que está diretamente ligada ao fumo.

“É uma inflamação progressiva dos vasos e o paciente pode chegar a ter uma inflamação das veias e evoluir para a falta de sangue, levando à morte dos tecidos”, descreve. Com esse quadro clínico, Fernandes teve de passar por 21 cirurgias de amputação. “Antes de amputar, tentamos salvar os membros”, diz Vânia. Hoje, o “inventor” comemora não ter passado por nenhuma cirurgia nos últimos nove anos. “A doença foi controlada quando ele abandonou o vício”, afirma a médica.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Quadrilha que falsificava notas no CE usava torcida de futebol para repasse (Postado por Lucas Pinheiro)

A quadrilha presa nesta quinta-feira (1º) suspeita de falsificar dinheiro em Fortaleza usava participantes de uma torcida organizada de time de futebol para espalhar moedas e cédulas entre a população do Ceará, Rio Grande do Norte, Pará, Paraná e Pernambuco, de acordo com a Polícia Federal no Ceará. Seis pessoas da quadrilha foram presas. O grupo era responsável pela fabricação de 20% das notas falsas do país.

Segundo a Polícia Federal, a distribuição do dinheiro via torcida organizada de time futebol foi a forma mais rápida que os suspeitos encontraram de espalhar no mercado as falsificações. Os itens eram repassados por meio de troco no comércio da torcida organizada, como pagamento de mensalidade de sócio-torcedor e produtos do time. A Polícia Federal não divulga a que time a torcida organizada pertencia.

A Polícia Federal apreendeu R$ 40 mil em cédulas de R$ 10, R$ 50 e R$ 100, e classifica a falsificação como "excelente". "Somente uma pessoa muito atenta perceberia que não se trata de uma cédula original", diz a PF. As cédulas foram apreendidas na residência de uma mulher, e a PF investiga uma possível participação dela na quadrilha.

Além da mulher, outros cinco homens foram presos na manhã desta quinta-feira. As máquinas usadas pela quadrilha no Bairro São Gerardo, em Fortaleza, vão ser periciadas. As notas eram transferidas para o Rio Grande do Norte, Pará, Paraná e Pernambuco.

Ainda conforme as investigações da Polícia Federal, a quadrilha trocava moedas falsas por verdadeiras na proporção de quatro para um. Dessa forma, a quadrilha vendia R$ 400 mil em notas falsas por R$ 100 mil em valores reais. Em seguida, as notas falsas eram distribuídas por membros de uma torcida organizada.

A operação realizada nesta quinta-feira, batizada pela PF-CE de Mustache, desarticulou a quadrilha, que era responsável pela fabricação de 20% da moeda falsa do país, de acordo com a Polícia Federal.