terça-feira, 27 de abril de 2010

Analistas divergem sobre beneficiado pela saída de Ciro da campanha


Do UOL Eleições
Em São Paulo

A saída de Ciro Gomes (PSB) da disputa pela Presidência da República, que deve ser oficializada pelo partido nesta terça-feira, levanta a questão de para onde devem ir os votos do deputado federal pelo Ceará. Cientistas políticos ouvidos pelo UOL Eleições divergem na questão.

Para José Álvaro Moisés, professor titular do Departamento de Ciência Política da USP (Universidade de São Paulo), com a saída de Ciro quem deve ser beneficiado é o ex-governador de São Paulo e pré-candidato José Serra. Segundo Moisés, as pesquisas mostram que o eleitor de Ciro tem mais escolaridade e está nas capitais e nesse ambiente Serra leva vantagem. “Um eleitor de Ciro é mais sofisticado”, disse.

O cientista político da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas) Cláudio Couto acredita que um candidato mais conhecido, como Serra, pode se beneficiar com a saída de Ciro da corrida presidencial apenas em um primeiro momento, mas que isso acaba sendo neutralizado. “Tem um efeito neutro na campanha, ainda que as pesquisas mostrem que a ausência de Ciro beneficia Serra. Creio que isso tende a se diluir na medida em que a Dilma se torne mais conhecida”, afirmou.

Futuro político
Couto avalia que não há como saber o que Ciro Gomes fará a curto prazo. “Pode ser um franco-atirador, se continuar destilando a mágoa”, disse, referindo-se às críticas do pessebista a Lula e Dilma em entrevistas na internet e na TV. “A longo prazo, [vai haver] um isolamento. Vai ficar restrito ao ambiente regional”, disse.

Moisés vê a mesma situação, onde Ciro ficaria em posição de apoiador no Ceará das candidaturas à reeleição do irmão Cid Gomes ao governo e de seu padrinho político Tasso Jereissati (PSDB) ao senado. Ele deve apoiar ainda a eleição para a Câmara dos Deputados da ex-mulher Patrícia Saboya (PDT-CE). “É difícil saber o que ele vai fazer em relação à corrida presidencial”, afirmou.

Estratégia do PSB
Segundo Couto, a saída de Ciro é uma tentativa do PSB de estar entre os partidos preferenciais do PT na coligação. “[É uma] tentativa de figurar como o terceiro ou quarto partido da coligação e contar com cargos nos ministérios”, disse.

O sacrifício da candidatura própria do PSB foi uma jogada do partido para se fortalecer nas disputas estaduais. “O PSB buscou acordos com o PT em alguns Estados”, afirmou.

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