O pescador Francisco Januário, 61 anos, que passou sete dias à deriva em alto-mar apenas com um bote inflável retornou à residência, em Natal (RN) na noite deste domingo (11). Ele se recupera da exaustação física e da desidratação. O pescador falou ao G1 e relatou como sobreviveu durante “sete dias de agonia”. Ele disse que avistou três barcos antes de ser salvo e que o bote que foi buscar quando se perdeu no mar ''veio'' até ele.
Segundo ele, sobreviveu graças à experiência que adquiriu profissionalmente. “O pessoal da Marinha sempre diz que nas horas de aperreio a principal coisa a fazer é manter a calma. Deixe o desespero e fique calmo. E foi assim que eu me mantive na noite do acidente”, diz.
Januário e outros oito colegas de profissão estavam no sábado (3) no barco pesqueiro Água do Rio Negro. Um problema no motor do veículo deixou o barco à deriva. Era início de uma noite tempestuosa, as ondas chegavam a cinco metros de altura, segundo a Capitania dos Portos de Rio Grande do Norte. Januário deu um “nó de porco” na perna atando-o ao barco para resgatar um bote com equipamentos de primeiros-socorros que havia caído do barco.
“Quando dei umas 15 braçadas até o bote, a linha na perna se soltou. Anoiteceu, chovia, ficou tudo escuro e eu sem nada.” Na manhã, o pescador teve sorte e achou a maleta onde estava o bote inflável: “Eu não achei o bote, mas ele veio até a mim”, relata.
No bote inflável, até então desmontado, havia alimentação, água potável, medicamentos e ferramentas para uso em alto-mar, para serem usados em casos de emergências, como na situação de Francisco Januário. Ele conta que o rompeu o lacre com as unhas, após cerca de duas horas arranhando uma corda. “Enquanto isso eu tava agarrado na boia, debaixo do braço, vindo onda e eu engolindo água o tempo todo. Quando puxei a corda. E o bote inchou.”
Navios avistados
Januário diz que avistou três navios antes do barco que o resgatou. A primeira embarcação que ele avistou foi domingo (4), um dia após o acidente que o deixo à deriva em alto-mar. “Usei o apito, dei com a mão, usei sinalizador e nada. Não adiantou e o barco foi embora.” No segundo barco, Januário relata que chegou a avistar um homem. “Eu gritei, pedi por socorro. 'Me ajude, estou à deriva', eu disse. Ou ele não ouviu ou achou que estava passeando.” "Tinha dias que eu chorava, diz que eu ficava o tempo todo triste."
Os homens que resgataram Januário eram pescadores de Acaraú, no litoral Oeste do Ceará. Januário diz que avistou o barco de longe e gritou: “Pedi socorro, que me ajudassem por favor. Eles me pegaram pelo braço e me disseram: 'Não se preocupe, senhor, o senhor está seguro'.” No barco, Januário diz que recebeu alimentação, e banho de água doce, e em seguida se deitou em um colchão do barco. “Estava tão cansado, com o corpo todo duro, principalmente os pés. Mas era tão cansaço que não consegui dormir.”
O pescador foi encontrado por volta de meio-dia do último sábado (10), e chegou à terra firme por volta de 17h. O dono do barco usou o rádio para que contatassem a família de Januário, em Natal. “Fiquei sabendo por uma amiga. Foi uma vitória. Assim que soubemos corremos para Acaraú”, diz a filha Mércia Souza, de 26 anos.
Comida racionada
No bote salva-vidas, Januário diz que havia bastante ração. “Calculei se passasse uns 17 dias dava para sobreviver, mas água era pouca, eu tinha muita sede, sede demais!”, conta. Januário também teve o azar de ter duas vezes o bote virado. Por conta dos incidentes, ele perdeu parte da ração e da água, além de remédios e sinalizadores.
Na ração há comida desidratada, feita para não estragar ao longo do tempo. “Tinha uma cocada finhinha, rapaz. Um capricho”
Era toda hora um vento forte e por isso o bote virava. Por causa do vento e também não conseguia dormir. Só no quinto dia, quando deu um vento fraco é que consegui dormir.” Januário Souza diz que o maior empecilho em alto-mar, além das dores musculares e da sede, era o frio extremo. “Todo hora, de dia e de noite, era um vento gelado, um frio danado.”
Atualmente Januário está ao lado da família, ainda se reidratando. Ele diz que ainda sente sede com frequência. Ao longo da entrevista ao G1, ele pediu duas pausas para “molhar a garganta”.
Segundo ele, sobreviveu graças à experiência que adquiriu profissionalmente. “O pessoal da Marinha sempre diz que nas horas de aperreio a principal coisa a fazer é manter a calma. Deixe o desespero e fique calmo. E foi assim que eu me mantive na noite do acidente”, diz.
Januário e outros oito colegas de profissão estavam no sábado (3) no barco pesqueiro Água do Rio Negro. Um problema no motor do veículo deixou o barco à deriva. Era início de uma noite tempestuosa, as ondas chegavam a cinco metros de altura, segundo a Capitania dos Portos de Rio Grande do Norte. Januário deu um “nó de porco” na perna atando-o ao barco para resgatar um bote com equipamentos de primeiros-socorros que havia caído do barco.
“Quando dei umas 15 braçadas até o bote, a linha na perna se soltou. Anoiteceu, chovia, ficou tudo escuro e eu sem nada.” Na manhã, o pescador teve sorte e achou a maleta onde estava o bote inflável: “Eu não achei o bote, mas ele veio até a mim”, relata.
No bote inflável, até então desmontado, havia alimentação, água potável, medicamentos e ferramentas para uso em alto-mar, para serem usados em casos de emergências, como na situação de Francisco Januário. Ele conta que o rompeu o lacre com as unhas, após cerca de duas horas arranhando uma corda. “Enquanto isso eu tava agarrado na boia, debaixo do braço, vindo onda e eu engolindo água o tempo todo. Quando puxei a corda. E o bote inchou.”
Navios avistados
Januário diz que avistou três navios antes do barco que o resgatou. A primeira embarcação que ele avistou foi domingo (4), um dia após o acidente que o deixo à deriva em alto-mar. “Usei o apito, dei com a mão, usei sinalizador e nada. Não adiantou e o barco foi embora.” No segundo barco, Januário relata que chegou a avistar um homem. “Eu gritei, pedi por socorro. 'Me ajude, estou à deriva', eu disse. Ou ele não ouviu ou achou que estava passeando.” "Tinha dias que eu chorava, diz que eu ficava o tempo todo triste."
Os homens que resgataram Januário eram pescadores de Acaraú, no litoral Oeste do Ceará. Januário diz que avistou o barco de longe e gritou: “Pedi socorro, que me ajudassem por favor. Eles me pegaram pelo braço e me disseram: 'Não se preocupe, senhor, o senhor está seguro'.” No barco, Januário diz que recebeu alimentação, e banho de água doce, e em seguida se deitou em um colchão do barco. “Estava tão cansado, com o corpo todo duro, principalmente os pés. Mas era tão cansaço que não consegui dormir.”
O pescador foi encontrado por volta de meio-dia do último sábado (10), e chegou à terra firme por volta de 17h. O dono do barco usou o rádio para que contatassem a família de Januário, em Natal. “Fiquei sabendo por uma amiga. Foi uma vitória. Assim que soubemos corremos para Acaraú”, diz a filha Mércia Souza, de 26 anos.
Comida racionada
No bote salva-vidas, Januário diz que havia bastante ração. “Calculei se passasse uns 17 dias dava para sobreviver, mas água era pouca, eu tinha muita sede, sede demais!”, conta. Januário também teve o azar de ter duas vezes o bote virado. Por conta dos incidentes, ele perdeu parte da ração e da água, além de remédios e sinalizadores.
Na ração há comida desidratada, feita para não estragar ao longo do tempo. “Tinha uma cocada finhinha, rapaz. Um capricho”
Era toda hora um vento forte e por isso o bote virava. Por causa do vento e também não conseguia dormir. Só no quinto dia, quando deu um vento fraco é que consegui dormir.” Januário Souza diz que o maior empecilho em alto-mar, além das dores musculares e da sede, era o frio extremo. “Todo hora, de dia e de noite, era um vento gelado, um frio danado.”
Atualmente Januário está ao lado da família, ainda se reidratando. Ele diz que ainda sente sede com frequência. Ao longo da entrevista ao G1, ele pediu duas pausas para “molhar a garganta”.
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